DIÁRIO DE MINHAS ANDANÇAS
Agoniza o dia, cumprindo a rotina de todas as tardes.Estranha melancolia estende-se pela ladeira de pedras.
Resquícios de sol buscam as janelas do moinho como a tentar reanima-las daquele olhar de cansaço.
Silêncio...Silêncio...
[Destas quietudes que se estabelecem nos fins de domingos]
Um cano de escape ,ao longe,invade a placidez da paisagem.
Aquieta-se,de repente,e o panorama reveste-se,uma vez mais, daquela mudez.
Um vulto surge no topo.
O contraste com as sobras de claridade desenham-lhe uma silhueta negra,como se fora um espectro.
Anônimo ,tece nos passos a cadência de seus devaneios.
A ladeira é agora , passarela dos sentimentos mais íntimos,de ilusões e fantasias que sòmente a ele pertencem.
Percebo-me invasor de uma tela exuberante e enigmática ao mesmo tempo.Sou ao fim da ladeira,certamente,outro espectro à visão daquele que a desce.
Pela rua paralela,tomo meu rumo.Cruzo em frente a um portão.
Um gato vadio, estirado sobre o muro,lança-me a languidez de seus olhos.
Ao dobrar a esquina,volto-me para o felino.Este,em pé, faz agora uma espécie de alongamento.
Invejoso!...Penso comigo.Vai sair também para uma caminhada.
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comentário:
Joel, gatos são mestres em alongamentos. E como são úteis aos seres humanos! Abraço, boa tarde.