Andante,Andante...
"Nenhum momento de felicidade terá sentido se não for compartilhado"
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Textos
      MONZA , UM AMIGÃO !




Diário de minhas andanças
24 de junho/2017


O sábado escorre escandalosamente anilado.
Um céu tão azul , que com um pouco mais de imaginação seria possível ouvir o fuxico das núvens, caso estas ousassem macular a pureza da tarde.
Eu , no trecho...
Nas mãos, a câmera, minha velha companheira.
Na cabeça...
Alguns sonhos, algumas expectativas, algumas lembranças...
Sempre que percorria este mesmo trecho, dava de encontro com o senhor Moisés, o "Monza" como lhe chamava carinhosamente.


Monza era um amigão que conheci em minhas andanças. Pobre no material, magnata nos tesouros do coração.
A vida não lhe foi muita camarada e assim, teria motivos fortes e compreensíveis para ser um pessoa amarga, triste...
Mas, na contramão deste lado escuro da existência, Monza tinha olhos que viam!
Então, juntos, tantas foram as ocasiões em que defronte ao seu casebre espiamos os traços de ouro de céus que despediam-se dos dias por trás da longínqua serra da Esperança.

Sentado ao seu lado,costumava ouvi-lo com o carinho de filho que adora as estórias de um pai.
Tinha um jeito matuto de poetisar aquilo que sua alma espreitava e isso o fazia grandioso,único !
Ao nosso redor,galinhas, ganços, marrecos , cabras, cavalos...Orquestravam a sinfonia do lusco fusco.
A casinha singela ungia-se ao cheiro de feijão cozido e o bom velhinho sorvia da cuia o amargo do mate que tanto amava, enquanto fazia relatos de sua história de vida.
Num dos muitos textos que escrevi inspirado em nossa amizade, destaquei este trecho que agora me ocorre:


“Meu bom amigo! Fico pensando em quantos céus
haverão ainda de rasgar-se em ouro , selando nossos encontros pelos acostamentos da vida”.


Hoje, nesta minha solidão vagabunda,eis-me aqui diante do casebre de Monza.
Uma cadeira solitária, feito um trono, põe-se numa longa espera
pela majestade que um dia ali reinou.
O cavalo morde do capim, as soledades do tempo em que fora cavalgado pelo velho mestre, e as sobras de sol tentam reavivar as cores das paredes que foram berrantes noutros tempos.

Em meio a um movimento discreto pela rodovia, minhas lembranças eclodem numa saudade captada num clic.
Parafraseando a canção de Padre Zezinho:"Saibamos deixar um no outro, uma saudade que faz bem", só posso mesmo reafirmar:
Monza !  Meu velho amigo...
ISSO VOCÊ DEIXOU.



Joel Gomes Teixeira

Clic no link abaixo para ouvir uma das mais belas mensagens de amizade que já conheci:
https://www.youtube.com/watch?v=uqRBi9sSIFM


PS. No  dia  27 de  junho/2018 completaram-se  dois  anos do  dia  em  que   Monza  empreendeu  uma longa  viagem pelos caminhos do  eterno.

Texto  reeditado.Preservados oscomentários ao  texto  anterior:


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02/07/2017 04:25 - Carlos Alberto Souza
Emocionante belo, tocante, marcante e de uma profundidade tremenda, caríssimo poeta Teixeira. O Brasil e o mundo necessitam de outros Monzas assim. Você é um bem aventurado em ter convivido com esse ser maravilhoso e iluminado. Pelo magnífico texto, meus aplausos e minha admiração! Amei! Pernambucanos amplexos!

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27/06/2017 23:53 - Lilian Reinhardt
Boa noite poeta. Calando fundo o seu texto sobre o inesquecível sr. Monza. Só alma em suas palavras, emocionante demais, sempre emocionante lê-lo poeta, abraços

 
IRATIENSE THUTO TEIXEIRA
Enviado por IRATIENSE THUTO TEIXEIRA em 02/07/2018
Alterado em 02/07/2018
Comentários